Quando a gente faz um poema calcado em algum trabalho dos outros, é ético em Literatura usar um recurso que denote transparência e boa-fé. Posso lhe passar algumas saídas:
a) dedicar o poema ao poeta que lhe inspirou;
b) colocar depois do título entre parêntesis: respondendo a... (nome do autor a quem você está dando a sua resposta poética);
c) escrever depois do título entre parêntesis: parafraseando... (nome do autor que lhe deu a idéia original); ou
d) colocar depois do título: tributo a... ou homenagem a... (nome do autor que você quer prestar o tributo ou fazer a homenagem).
Existem muitos trabalhos meus espalhados por aí, inclusive aqui na Usina de Letras, que me parafrasearam, me responderam ou me dedicaram e vice-versa - ver por exemplo, aqui na Usina, Andréa Abdala (Vidas II e o meu Vidas), Lenise
Resende (Coração de Aluguel e o meu Coração de Aluguel II). Isto a gente faz para dar indicação que a idéia não é original nossa e assim nos livra de sermos rotulados de copiadores; dá também uma certa importância ao poema e ao relacionamento com um outro poeta de certa forma já divulgado de alguma maneira ou já consagrado. Quando estava fazendo um trabalho de revisão de tradução da obra da poeta Leila Míccolis, minha amiga e comadre
virtual, fiquei muito influenciado pelo seu estilo denso, instigante e conciso, que não é a minha praia e, sem querer, me peguei escrevendo o seguinte:
ABSTINÊNCIA
(Para Leila Míccolis)
Você, carinhoso, à noite
me pergunta:
- Como quer seus ovos de manhã?
Eu, arisca e abstinente, repondo:
- De preferência, não fecundados.
Ora, este poema é cara e voz da comadre, e a ela foi dedicado de imediato, sendo também ela a primeira a saber da existência deste escrito. Foi uma homenagem feita do fundo do coração, com amor, sem a intenção de copiar nem plagiar a reconhecida poeta.
Os poemas que você me parafraseou já foram publicados em livros e estão registrados, portanto, para mim é elogio. Pega mal para você se alguém detectar a analogia e semelhança e lhe
rotular de copiador. Cabe a você escolher o seu caminho.
Para finalizar, mando-lhe um poema de um amigo meu, grande poeta brasileiro que vive em Portugal e escreveu um belo trabalho envolvendo alguns dos meus livros, poemas e minha personalidade.
Um grande abraço no meio da madrugada.
Fernando Tanajura
http://tanajura.cjb.net
Para Fernando, pessoa.
Para o poeta Fernando Tanajura Menezes
Passei uma tarde inteira
Revendo Retratos
Relendo Coisas do Coração
Descobrindo lindos Beijos
Lendo Fernando, essa pessoa
Que desnuda e mostra sua alma
Sem medo, sem culpa
Sem pressa, com calma
Irrequieto, de versos cortantes e meigos
Traz no seio um pouco de todos nós
Que nos vemos de tão longe
Como um rio procurando pela foz
Que nos deixa tantas vezes
Apaixonados por Fernando
Que é pessoa e poeta
Que é Tanajura Menezes.